Dois eventos marcantes trouxeram os psicodélicos para o centro das atenções nos últimos dias, ganhando destaque nas páginas da revista Veja: a conferência Psychedelic Science 2023, que contou com cerca de 12 mil participantes, nos EUA; e o início da regulamentação da psilocibina e do MDMA para uso terapêutico na Austrália, o primeiro país do mundo a realizar o feito.
Na reportagem, a jornalista Paula Felix lembra que a terapia assistida por psicodélicos já é uma realidade no Brasil, a exemplo das clínicas de cetamina, que realizam sessões sob prescrição médica.
“O conhecimento mais amplo dos psicodélicos abre uma fronteira de pesquisa relevante para lidarmos com os problemas gerados pelo mundo urbano contemporâneo”, afirmou na reportagem o neurocientista Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
De acordo com Ribeiro, um dos principais pesquisadores de psicodélicos do Brasil, essas substâncias se mostram tão promissoras porque podem aumentar a plasticidade neural e permitir que o cérebro se reorganize, ajudando a encontrar um modo de funcionamento mais saudável.
“Há muito trauma na sociedade e a psicoterapia assistida por psicodélicos é a principal avenida que temos para melhorar essa situação”, disse, apontando que “a próxima fronteira é o plano de testá-los [os psicodélicos] diante do trauma neural, do AVC, da concussão e de demais problemas neurológicos”.
Na conferência Psychedelic Science 2023, Sidarta falou sobre a relação dos psicodélicos com os sonhos, e, à revista, destacou a participação dos companheiros Dráulio Araújo (e sua pesquisa com DMT) e Luís Fernando Tófoli (que coordenou um estudo sobre LSD).
“Um aspecto muito importante da reunião é a participação de lideranças indígenas que são, de fato, detentoras da propriedade intelectual dos usos ancestrais de plantas, fungos, animais medicinais e de uso terapêutico. É por causa dessas culturas que a ciência tem qualquer tipo de conhecimento inicial sobre tais substâncias”, lembrou. “É uma conferência gigantesca que marca um ponto de inflexão de crescimento exponencial do campo.”
Leia a reportagem e a entrevista da Veja.
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