O crescimento dos tratamentos para depressão à base de cetamina foi destaque em uma reportagem da revista Forbes, escrita pela jornalista Beatriz Pacheco, que citou o trabalho da Beneva como um dos principais feitos no Brasil.
Como lembra o texto, a Organização Mundial da Saúde estima que, em 2022, 300 milhões de pessoas enfrentaram problemas com a depressão. “Desde 2019, a depressão é a doença que mais incapacita, ou seja, gera mais dias de trabalho perdidos”, afirmou à reportagem Leandro Valiengo, diretor do serviço de cetamina no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
De acordo com os dados da pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, 11,3% dos brasileiros têm diagnóstico da doença, sendo que 36% têm depressão resistente a tratamentos. Como aponta a jornalista, é nesses casos que a cetamina se mostra mais eficiente.
“Estudos mostram que a cetamina reduz em 60% a ideação suicida já na primeira infusão”, explicou Valiengo.
Outro aspecto fundamental da cetamina é a sua atuação na contenção da ideação suicida. Dados do Datasus indicam que óbitos por lesões autoprovocadas subiram, pelo menos, de 7 mil para 14 mil nos últimos 20 anos.
“Ter essa noção de que existe um recurso que pode tirar você rapidamente de um quadro mais grave traz um alívio psicológico. Essa concepção, quando absorvida pelo indivíduo, melhora muito a qualidade de vida, porque ele sabe que tem ao que recorrer”, disse o psiquiatra Henrique Bottura, fundador e diretor no Instituto de Psiquiatria Paulista.
No Brasil, a Anvisa permite o uso da cetamina para depressão na forma de um spray nasal chamado Spravato, um medicamento patenteado pela Janssen, comercializado a R$ 3 mil o frasco.
Já o tratamento com a infusão de cetamina é considerado off-label no país, ou seja, não consta na bula do medicamento e deve ser usado depois da tentativa de outros tratamentos. Ainda assim, o texto destaca que não existem dúvidas sobre a eficácia da substância. “A Anvisa tem o maior interesse em aprovar o uso da cetamina; agora é uma questão de tempo, porque existem evidências científicas suficientes para autorizar esse uso”, afirmou o psiquiatra Dartiu Xavier, professor da Unifesp e consultor científico da Beneva.
Em lugares mais avançados em termos de aprovação e oferta do medicamento, como os EUA e países da Europa, “o potencial de capitalização dos tratamentos com cetamina atualmente é de US$ 1 bilhão, mas deve alcançar US$ 3 bilhões até 2029, de acordo com a Blossom, empresa de análise de dados do mercado de psicodélicos”, lembra a reportagem.
É importante mencionar, no entanto, que, nos EUA, onde o uso de cetamina cresceu depois que o país passou a liberar a prescrição da substância via teleatendimento e para uso doméstico, multiplicaram-se relatos de quadros de cistite, arritmia e casos mais graves de dissociação associados ao uso inadequado da substância.
O acompanhamento especializado, portanto, é essencial para o sucesso do tratamento. “Não estamos inventando a roda, mas trazendo para cá uma realidade que já existe nos EUA e no Canadá há quatro anos”, disse Marco Algorta, CEO da Beneva, lembrando da importância do cuidado individualizado e do acompanhamento terapêutico. “Nossos pacientes passam pelo atendimento psiquiátrico, porque somos, antes de tudo, uma clínica psiquiátrica e de saúde mental, e não uma clínica de cetamina.”
A reportagem completa pode ser lida na edição 107 (abril), da revista Forbes.
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