O impacto dos psicodélicos no tratamento de transtornos mentais tem despertado o interesse de investidores no mundo todo. A exemplo do crescente mercado da cânabis, substâncias como psilocibina, DMT e LSD também demonstram um elevado potencial econômico. Só em 2021, os psicodélicos levantaram US$ 540 milhões em investimentos, segundo o relatório da Valhalla Ventures. É o que informa uma reportagem da revista Forbes Brasil, escrita pela jornalista Anita Krepp, a qual cita as Clínicas Beneva como um dos exemplos brasileiros de investimento.
A matéria destaca a parceria firmada entre os sócios da Beneva: o empresário Marco Algorta (“o superconectado empresário da cannabis, e, agora, também dos psicodélicos”, como aponta o texto) e o médico Bruno Rasmussen, pioneiro no uso da ibogaína para o tratamento de dependência química no Brasil.
“A ideia é oferecer nosso serviço não apenas aos brasileiros, mas a qualquer pessoa que tenha condição de viajar ao Brasil, porque aqui a gente consegue fazer esse tratamento dentro da lei, enquanto nos EUA, onde há um surto de mortes por abuso de opióides, isso não é possível”, explicou Rasmussen na reportagem, lembrando que, no país, sob determinadas condições, a Anvisa permite o uso de substâncias como a ibogaína e a cetamina, substâncias usadas nos tratamentos oferecidos pela Beneva.
Além disso, a parceria também foi repetida com outros centros médicos de aplicação de cetamina. “Trazemos know-how, protocolos e muitas possibilidades para essas clínicas, além de uma verdadeira injeção de ânimo ao corpo clínico. Tem também a presença de um time regulatório, que nos permite fazer um trabalho no acolhimento do paciente”, conta Algorta.
Pronto para decolar
Como lembra Krepp, duas das maiores consultorias do mundo, Morgan Stanley e KPMG, já chancelaram a nova indústria psicodélica, ao lançar, em 2022, relatórios que contribuíram para dar visibilidade ao tema. Para o Morgan Stanley, os psicodélicos causarão um impacto na sociedade que pode ser comparado a fenômenos como blockchain, machine learning e os veículos autônomos.
De acordo com a KPMG, o mercado dos psicodélicos está “pronto para decolar”, com uma previsão de lucro de US$ 6,85 bilhões para 2027, com expectativa de crescimento, à medida que substâncias como o MDMA e a psilocibina sejam aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration), dos Estados Unidos.
O entusiasmo não é só dos investidores, mas também das pessoas que poderão se beneficiar com uma melhora na qualidade de vida. No Brasil, 40% daqueles que sofrem de depressão não respondem a tratamentos convencionais. Substâncias como a cetamina podem ser uma resposta eficiente nestes casos. Além disso, a Beneva reforça que o conhecimento dos povos indígenas e comunidades tradicionais no uso de psicodélicos naturais oferece uma oportunidade para que a chamada “indústria dos psicodélicos” trilhe um caminho de integração e reciprocidade.