A percepção dos eleitores americanos em relação aos psicodélicos está passando por uma transformação positiva. De acordo com um levantamento da Universidade da Califórnia em Berkeley, 61% dos 1500 entrevistados expressaram apoio à regulamentação do uso terapêutico de substâncias como MDMA e psilocibina (presente nos cogumelos).
As evidências têm destacado o potencial dessas substâncias no tratamento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e depressão resistente, o que tem contribuído para uma visão mais favorável por parte da população. A pesquisa também apontou que 78% dos entrevistados concordam com a expansão da pesquisa científica nessas áreas.
Além disso, quase a metade dos participantes (49%) expressou apoio à descriminalização do uso pessoal e posse de psicodélicos. Já em relação às aplicações terapêuticas, a maioria (80%) manifestou ser a favor do uso em pacientes com doenças terminais, enquanto 71% aprovam o uso com prescrição médica. Ainda entre os entrevistados, 69% mostraram apoio ao uso dessas substâncias para tratar veteranos de guerra que sofrem de TEPT, 67% são a favor do uso por pessoas que enfrentam ansiedade e depressão, e 60% entre indivíduos que foram vítimas de abuso sexual.
“As pessoas que ouviram falar tendem a ter uma visão positiva. A mídia, me parece, mudou a direção da bússola. Quando fala sobre isso, tende a falar mais positivamente do que negativamente”, diz ao blog Virada Psicodélica, da Folha de S.Paulo, o psiquiatra Luís Fernando Tófoli, da Unicamp, depois de examinar os dados da pesquisa.
O uso religioso e espiritual dessas substâncias recebeu menos apoio, e muitos entrevistados ainda as consideram perigosas ou com impacto negativo na saúde a longo prazo, demonstrando que o estigma e o preconceito ainda estão presentes.
Apesar das ressalvas, a pesquisa indica uma tendência positiva em relação à descriminalização do uso pessoal e porte de psicodélicos, bem como um aumento na disposição de considerar essas substâncias como opções terapêuticas válidas.