O renascimento dos psicodélicos na ciência foi tema de uma reportagem do portal Mina Bem-Estar. No trabalho, assinado pelo jornalista Carlos Messias, substâncias como LSD, DMT e psilocibina aparecem como ferramentas com potencial de ajudar a tratar transtornos que nenhum medicamento trata, como a depressão refratária.
O psiquiatra da Beneva, Rodrigo Delfino, que também é supervisor do Programa de Distúrbios Afetivos e Ansiosos (Prodaf), da Unifesp, explicou o contexto no qual os psicodélicos estão ressurgindo.
“Desde o lançamento dos antidepressivos tricíclicos, 50 anos atrás, essa classe que não viu um avanço em eficácia. Mesmo a fluoxetina, que foi a última grande inovação dos antidepressivos, há mais de 30 anos, não vemos alterações, as evoluções ficam todas no ramo da redução dos efeitos colaterais.”
Delfino ainda detalhou o tratamento feito com cetamina. Logo após a primeira aplicação da substância já é possível observar uma diminuição nos sintomas de depressão. Com os antidepressivos convencionais, isso leva de 3 a 4 semanas para começar a acontecer. “Os benefícios são imediatos e acumulativos”, afirmou.
Como lembra a reportagem, a depressão crônica pode impedir a formação de novas conexões neuronais, levando a um estado de ruminação. Os psicodélicos podem ajudar a criar novas conexões do tipo, estimulando a neuroplasticidade e permitindo que o indivíduo enxergue além dos problemas.
“Essas substâncias quebram a hierarquia entre determinados processos e funções cerebrais dos estados ordinários da consciência. Em outras palavras, isso permite aos pacientes alterar padrões no processamento de ideias e memórias, percepções, crenças e narrativas aprisionadoras e dolorosas sobre si mesmos e sobre a vida. Promovendo uma flexibilidade afetiva, mental e cognitiva, que renova comportamentos enrijecidos e propicia, assim, mudanças profundas e duradouras”, definiu a psicoterapeuta Daniela Monteiro, que integra o conselho diretor da APB e é co-gestora do coletivo Terapeutas em Rede pela Integração Psicodélica (Trip).
O neurocientista Sidarta Ribeiro, vice-diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, explica que é possível pensarmos na mente humana como se fosse um vaso de cerâmica enrijecido com uma rachadura. Sob o efeito de psicodélicos, é como se esse vaso estivesse maleável, por um período específico, podendo ser mexido pelas mãos do terapeuta e do paciente.
Os psicodélicos podem causar alterações visuais, como mirações de fractais e padrões geométricos, entre outros efeitos. A atriz Mayara Sartori, diagnosticada com depressão, ansiedade e síndrome do pânico, recebeu sete doses de cetamina e sentiu um alívio significativo em seus sintomas. Depois de nove anos e vários medicamentos sem resposta, ela iniciou o tratamento com cetamina, que lhe proporcionou autoconhecimento, autoestima e confiança, permitindo que ela enxergasse o mundo de forma diferente.
“Minha postura antes era muito mais pessimista, agora eu consigo diferenciar tristeza e depressão. Com a cetamina consegui enxergar o mundo lá fora”, contou.
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