Cada vez mais estudos vêm comprovando a eficácia da psilocibina, composto presente nos cogumelos, no tratamento de transtornos como a depressão grave. Uma crítica comum, no entanto, é a de que os estudos publicados apresentam números reduzidos de participantes, o que diminui a possibilidade de uma compreensão mais aprofundada sobre como essas substâncias atuam em organismos variados.
Agora, um estudo publicado no periódico New England Journal of Medicine promete mudar essa história. Trata-se do maior ensaio clínico já realizado para avaliar o efeito da psilocibina em pacientes com depressão resistente a tratamentos. No total, 233 pessoas de dez países diferentes participaram do trabalho, que incluiu pesquisadores do King’s College London.
Os participantes foram divididos em três grupos, os quais receberam, de forma aleatória, doses de 1, 10 e 25 miligramas de uma versão sintética de psilocibina criada pela Compass Pathway, startup britânica que também financiou o trabalho. Além do psicodélico, os participantes também tiveram acompanhamento psicológico durante todo o processo, que durou 12 semanas.
De acordo com os resultados, três semanas depois da última sessão, aqueles que receberam a maior dosagem apresentaram melhora significativa em comparação com aqueles que receberam doses de 1 e 10 miligramas. Cerca de 30% estavam em remissão.
“As opções de tratamento disponíveis geralmente são limitadas, apresentando efeitos colaterais incômodos e/ou estigma. Portanto, novos paradigmas de tratamento são necessários e a pesquisa clínica de novos tratamentos é importante”, afirmou ao Financial Times o psiquiatra James Rucker, autor principal do estudo e professor do King’s College London.
Para os pesquisadores, trata-se de um grande passo em direção ao reconhecimento da psicoterapia assistida por psilocibina como um tratamento seguro e eficaz contra a depressão.
Imagem: Alex Green/ Pexels