A jornalista Sílvia Haidar destacou os efeitos positivos da cetamina no tratamento de depressão resistente. Em reportagem no blog Saúde Mental, da Folha de S.Paulo, Haidar mostrou como a forma de atuação da substância anestésica difere dos antidepressivos comuns.
“No cérebro, os antidepressivos clássicos modulam os sistemas monoaminérgicos — noradrenalina, serotonina e dopamina. Já os mecanismos de ação da cetamina envolvem a modulação do sistema glutamatérgico”, explicou na reportagem o psiquiatra Leandro Valiengo, coordenador do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e do Serviço de Cetamina do IPq HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Como lembra a reportagem, durante anos, a falta de serotonina ou o desequilíbrio químico no cérebro foi a hipótese mais aceita para a causa da depressão. Mas existem outras.
Uma delas, como explicou Tiago Gil, fundador do Centro de Cetamina, em São Paulo, é a do “neurônio excitatório”, que explica a depressão pela hiperativação de algumas áreas do cérebro que ocorre pela ação do neurotransmissor glutamato.
Cetamina: hoje
A cetamina, que já era um anestésico usado desde os anos 1960, começou a ser estudada como antidepressivo no fim da década de 1990, pelo médico John Krystal, professor da Universidade Yale. Ele investigou os efeitos de baixas doses da substância em camundongos, e percebeu que a substância bloqueava a ação do glutamato. O primeiro estudo sobre o tema foi publicado nos anos 2000.
A reportagem lembra que a primeira clínica a oferecer infusões de cetamina surgiu no Brasil em 2016, e que a indicação do uso da substância deve sempre partir de um psiquiatra que acompanhará o processo — o que chamam de uso off-label.
Os efeitos antidepressivos da cetamina podem surgir em poucas horas, e é especialmente indicada em casos de ideação suicida.
“Um estudo recente com 156 participantes, publicado na revista médica ‘The BMJ’, demonstrou a diminuição de mais de 63% da ideação suicida dentro de três dias após a aplicação de uma dose de cetamina contra apenas 30% de redução no grupo placebo”, lembrou Valiengo.
É preciso, no entanto, se atentar às contraindicações, a exemplo de pessoas com quadros psicóticos ou dependência química, e condições clínicas como hipertensão arterial e doenças cardíacas ou pulmonares, sendo recomendado exames prévios.
A reportagem ainda lembra que a presença de profissionais como psiquiatras e médicos anestesistas garantem a segurança e a eficácia do tratamento, que pode ocorrer em mais de uma sessão.
Para ver a reportagem completa, leia o blog Saúde Mental, da Folha de S.Paulo.
Imagem: Kat Smith/Pexels