Os estigmas associados à masculinidade afetam negativamente a saúde mental dos homens e influenciam a relação com seus filhos. Esses estigmas estão profundamente enraizados nas expectativas culturais e sociais que reforçam padrões rígidos de comportamento masculino, tornando difícil para os homens expressarem emoções e vulnerabilidades sem medo de julgamentos.
A ideia de que homens devem ser sempre fortes, autossuficientes e indiferentes às emoções cria uma pressão psicológica significativa, diferente daquela criada nas mulheres. Como afirmou à revista Galileu Cláudio Serva, fundador do projeto Prazerele, “o patriarcado e o machismo facilitam a vida do homem, mas geram uma série de angústias”.
Ao reprimir suas inseguranças e fragilidades, os homens podem gerar altos níveis de estresse e ansiedade, levando a sérios problemas de saúde mental. “A depressão nos homens é bastante enganosa”, disse ao jornal New York Times Marianne J. Legato, médica e fundadora da Fundação para Medicina Específica de Gênero em Nova York. “Os homens são socialmente programados para não reclamar. O suicídio muitas vezes é visto como algo inesperado nos homens, mas não muito nas mulheres.”
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais incidente entre homens do que entre mulheres.
Além disso, uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) analisou 41 países europeus e mostrou que a morte precoce de homens é mais grave em lugares nos quais a desigualdade socioeconômica entre homens e mulheres é maior. Nesses lugares, eles são mais propensos à violência, ao tabagismo, ao alcoolismo e a uma dieta não saudável.
“Morar em um país em que há igualdade de gênero beneficia a saúde do homem, transparecendo em menores taxas de mortalidade, mais bem-estar, metade do risco de depressão, maior chance de fazer sexo com proteção, menores taxas de suicídio e 40% a menos de risco de morrer de forma violenta”, destacou o levantamento.
A influência dos estigmas da masculinidade se estende para as relações entre pais e filhos. A dificuldade em expressar afeto e carinho pode gerar distanciamento, impactando negativamente o desenvolvimento emocional e social das crianças.
Por outro lado, quando os homens quebram esses estigmas e se permitem ser emocionalmente abertos, a dinâmica familiar pode se tornar mais saudável e enriquecedora. Os filhos têm a oportunidade de desenvolver uma compreensão mais equilibrada dos papéis de gênero e de como lidar com suas próprias emoções. Além disso, a presença de pais emocionalmente envolvidos promove uma autoestima mais elevada nas crianças e reforça a ideia de que é perfeitamente aceitável expressar e compartilhar sentimentos.
Através do projeto Homem Paterno, no Instagram, o consultor Tiago Koch mostra como a paternidade pode ser uma grande oportunidade para que os homens ressignifiquem seus padrões e crença. “Quem são minhas referências paternas? O que eu desejo e o que eu não desejo replicar? Onde estava meu pai quando eu nasci?”, questiona ele, mostrando a importância de perguntas reflexivas do tipo.
Romper com padrões rígidos é fundamental para promover a saúde mental dos homens e proporcionar um ambiente emocionalmente saudável para o desenvolvimento de seus filhos. A mudança começa com a aceitação de que ser emocionalmente aberto e vulnerável não diminui a masculinidade, mas sim enriquece a experiência humana.
Imagem: Anna Shvets/ Pexels