Um novo estudo publicado no periódico Psychiatry Research sugere que a cetamina pode ser uma opção válida de tratamento para pessoas com transtorno de personalidade borderline (TPB) associado à depressão, a qual, nestes casos, tende a ser mais resistente a outros tipos de tratamento.
“Esta análise foi diretamente inspirada pela minha experiência no tratamento de pacientes de depressão com transtorno de personalidade borderline”, afirmou ao site PsyPost o autor do estudo, o psiquiatra Joshua D. Rosenblat, professor assistente na Universidade de Toronto.
“Tenho visto essa população sendo estigmatizada e muitas vezes subtratada para a depressão, presumindo que todos os sintomas são causados pelo transtorno de personalidade. Como pessoalmente testemunhei resultados incrivelmente positivos com a cetamina intravenosa nesse grupo, quis fazer uma análise quantitativa para verificar se os benefícios e a segurança eram comparáveis àqueles sem transtornos de personalidade.”
Rosenblat lembrou que o TBP comórbido é um critério de exclusão frequente em ensaios clínicos: “Considero isso uma razão pela qual essa é uma pergunta particularmente interessante, já que estudos anteriores podem ou não se aplicar ao grupo de depressão resistente com TBP comórbido.”
Para o estudo, os pesquisadores analisaram 100 voluntários que receberam quatro doses de cetamina ao longo de duas semanas. Metade das pessoas tinha tanto depressão quanto TBP (grupo 1), e a outra metade tinha apenas depressão (grupo 2).
Os pesquisadores constataram que os pacientes do grupo 1 obtiveram uma melhora significativa nos sintomas da depressão após receberem a infusão de cetamina, uma resposta similar àquela observada no grupo 2. Nos dois casos, os sintomas da depressão, que no início foram classificados como graves, passaram a ser classificados como moderados.
Os sintomas de TPB também apresentaram melhora depois do tratamento com a cetamina.
“A parte mais surpreendente da análise foi a redução nos sintomas do TBP”, disse Rosenblat. “Eu esperava que os sintomas depressivos melhorassem, mas não esperava que os sintomas do TBP melhorassem. Os sintomas do TBP melhoraram de forma rápida e robusta. Isso precisa ser testado mais a fundo, mas foi bastante encorajador de se ver.”
Em ambos os grupos também foram observadas reduções nos níveis de ansiedade e ideação suicida.
“É importante ressaltar que não estou sugerindo que a cetamina seja um tratamento para o TBP, mas, sim, que, para pacientes com depressão e TBP, ela ainda pode ser uma opção de tratamento adequada se outras opções tiverem falhado”, reforçou Rosenblat.
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