Imagem: Daniel Reche/ Pexels/ Creative Commons
A DMT tem sido uma das principais apostas dos pesquisadores no tratamento da depressão. A molécula que compõe o chá de ayahuasca e plantas como a jurema-preta tem se mostrado um psicodélico eficiente para trazer respostas positivas a pessoas que não conseguem encontrar apoio nos tratamentos convencionais.
Em reportagem para a revista Carta Capital, em parceria com o site Psicodelicamente, o jornalista Carlos Minuano mostra quais são os avanços na área e como a substância tem colocado o Brasil no mapa dos principais pólos de pesquisas com psicodélicos do mundo.
Um dos principais centros dedicados a estudos do tipo no país é o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Como lembra a reportagem, o grupo, coordenado pelo físico e neurocientista Dráulio de Araújo, foi o primeiro no mundo a avaliar um psicodélico clássico no tratamento da depressão em um estudo duplo-cego randomizado.
Na ocasião, foi testado o chá de ayahuasca com todos os seus componentes. Os resultados, publicados no periódico Journal of Psychopharmacology, em 2018, mostraram que as pessoas que beberam o chá apresentaram respostas mais positivas no tratamento da depressão do que as que tomaram uma solução com placebo, apontando uma diminuição do perfil inflamatório.
Os efeitos da molécula
Na nova pesquisa, com a DMT isolada, feita em 2022, os 30 selecionados foram submetidos individualmente a duas doses diferentes da substância, uma baixa e outra mais alta, sempre com monitoramento dos pesquisadores. A sensação aguda do psicodélico durava cerca de 15 minutos. E, depois de cessada a experiência, os participantes ainda passam por uma sessão de psicoterapia, a fim de conversar sobre o que viveram.
Entender os efeitos da DMT isolada é uma forma de compreender melhor o potencial antidepressivo da substância, já que o chá de ayahuasca, por exemplo, contém outras substâncias que podem interferir nesse entendimento.
“Independentemente da dose, os efeitos variam muito, são subjetivos e muito particulares”, explicou a pesquisadora Fernanda Palhano, vice-coordenadora da equipe. “Teve voluntários que usaram 15 miligramas e descreveram sensações mais intensas do que outros que receberam 40 miligramas”, afirmou ela, lembrando que o estudo avaliou efeitos sobre a ansiedade e a qualidade de vida.
Os resultados finais ainda não foram divulgados. Como lembra a reportagem, agora, o grupo se prepara para a segunda fase da pesquisa, ainda sem data de início, e deve avaliar pacientes com depressão severa, usando a DMT fornecida pela empresa canadense Biomind Labs, que patrocina o estudo.